O que parecia bom por fora melhorou após o “face lift”, já que tem olhares de design italiano do estúdio da JAC em Turim. Mas o que era ruim por dentro e também no coração do carro, ou seja, o motor, continua ruim, bem ruim, longe de alguma comparação com seus concorrentes sedãs como Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta, Peugeot 408, entre outros.
Ganha no preço,. Três versões, entre R$ 65.990 e R$ 71.990, é verdade, mas peca no custo-benefício. Seu motor, por exemplo, merecia mais. Também pudera. O propulsor continua o nem tão moderno 1.5 16V VVT a gasolina de 125 cv de potência a 6.000 rpm, que é equipado com câmbio manual de cinco marchas.
Design “italiano” do modelo é o que há de mais atraente
Até parece um motor raivoso, fazendo com que o J5 acelere de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e atinja uma velocidade máxima de 188 km/h. Os freios são a disco nas quatro rodas e conserva uma boa suspensão independente nas quatro rodas. Mas quem fica com raiva são os clientes, que merecem mais do que esse 1.5 que, para um carro pesadão de 1.315 kg como é, demora muito a subir o giro e deixa bem a desejar em subidas e retomadas de velocidade.
Não é um carro para as ruas íngremes de São Paulo. No máximo pode bem servir para cidades de planície, como no litoral brasileiro. Circular por algumas ladeiras de Perdizes (zona oeste de São Paulo), por exemplo, só se for morro abaixo, porque para subir, “aff” diriam alguns, o “bicho” vai perdendo a força, perdendo a força e quando vemos fica tão lerdo que já instintivamente somos obrigados a colocar na primeira marcha, para concluir a subida.
Deve ser por isso que o consumo que poderia ser melhor do que o dos concorrentes com motor 1.8 e 2.0 empacam na média beberrona de 7 km/l. Falta uma opção de câmbio automático e o manual não é o que se poderia avaliar com engates suaves, provocando alguns incômodos em algumas trocas de marchas. Não é papel digno de um carro premium – ou que pretende ser.
É um carro que posa de bacana, mas há ainda outras queixas, como o botão no painel de instrumentos para avaliar consumo, distância, autonomia e regulagem de horário, que simplesmente precisa apertar e insistir muito para que ele mude de posição. O painel de luzes interna então é coisa de outro mundo, bem desalinhado. E o porta-copos só aceita copos pequenos, tem pouca profundidade, fácil de derramar qualquer líquido – melhor servir para colocar moedas.
Nem tudo é tão ruim assim, já que a JAC conseguiu fazer um carro esteticamente bonito, lembrando inclusive alguns detalhes na traseira de marcas alemãs, de lanternas bipartidas (que não são tão interessantes para quem tem TOC, transtorno obsessivo-compulsivo, uma vez que não são coincidentes).
Já a frente se harmoniza bem integrando os belos faróis projetores com LEDs. No interior, totalmente novo, com muitos detalhes em apliques cromados e superfícies em black piano (preto brilhante), para dar um ar mais sofisticado, os destaques se concentram no painel em três tons com uma central multimídia bacaninha de 7 polegadas, com câmera de ré e boa acústica para o som.
Exceto por dois detalhes, falar ao telefone pelo viva-voz é horrível, chega a dar raiva, nem para quem fala nem para o ouvinte, parece conversa de surdo, ninguém se escuta, mesmo com vidros fechados. E um outro pecado é a falta do navegador GPS na central multimídia. Isso já poderia ter sido resolvido, já que o SUV T6, da mesma empresa e de valor final quase idêntico ao J5, já possui até espelhamento de celular para navegação em redes sociais e aplicativos de trânsito.
O espaço interno, porém, é generoso, bem agradável. Foram mantidos os mesmos 4,59 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 2,71 m de entre-eixos. Algumas qualidades do sedã permanecem as mesmas desde o primeiro lançamento em 2012: porte de sedã médio com preço de compacto, muito espaço interno, variada lista de equipamentos com itens como sensor de estacionamento dianteiro e traseiro e ar-condicionado digital.
A JAC Motors já se esforçou em trazer opções aceitáveis para os consumidores brasileiros, como o J2 e o T6. Mas no J5 é tão grande o pacote de contraindicações que oferecer um preço menor do que o dos concorrentes acaba não compensando.
Outro ponto: não se sabe se é por conta do transporte ou pelo fato de o chinês não dar tanta importância a isso, mas fato é que, mesmo recém-saído das lojas, os carros da JAC não têm o tão famoso “cheirinho de carro novo”. Pelo contrário. Eles cheiram mal desde que saem da concessionária. Isso vale do J2 ao T8...
Mas, voltando ao J5, considerando itens similares de série e espaço interno maior até do que o Corolla pode parecer bom, mas se for para um cliente um pouco mais exigente, um pouco só, já vai querer passar longe do sedã, ou começará a reclamar logo após a compra.