Para onde caminha a indústria automobilística brasileira no cenário global, quando se vê uma capacidade produtiva local acima daquilo que o mercado tem condições de absorver? Prova disso são as demissões em massa e o fechamento de unidades fabris…
Infelizmente o mercado se precipitou alguns anos atrás construindo novas plantas no Brasil. Isso se deve também ao antigo programa automobilístico que dava incentivos para as fabricantes que tinham plantas no Brasil.
Porém, com a crise financeira que estamos passando, o mercado acabou enxugando e consequentemente as demissões foram aparecendo. Em tempos onde tudo é dinheiro, fica difícil para as montadoras manterem empregos sem uma previsão de melhora no setor. Acredito que o cenário não deverá mudar tão cedo, já que mesmo com o novo governo, o clima de indecisão ainda persiste.
A eletrificação é um caminho sem volta, na sua opinião? Ou seja, no futuro só veremos nas ruas do Brasil carros híbridos e elétricos?
A eletrificação deve ser um caminho sem volta, porém o Brasil ainda precisa de muito investimento em infraestrutura para isso se tornar realidade.
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Os híbridos eu acho um caminho mais palpável por aqui, isso porque alguns modelos não dependem de tomadas para ser recarregados, além de ainda ter a alternativa fóssil, que em um país continental como o Brasil ainda se faz muito necessário. Já os elétricos ainda devem demorar mais alguns anos para realmente ser algo popular.
Você acredita que o jovem está de fato se desinteressando pelos carros? Se antes, às vésperas de completar 18 anos, uma das grandes ansiedades era tirar carteira de motorista, hoje o jogo virou? Ou isso é conversa de ativista?
Acredito que isso também se deva a situação econômica do país. O carro é um bem que gera custo e se o jovem pode economizar esse custo, ele acaba tirando o automóvel como uma prioridade. Vejo muitas pessoas novas querendo ter um carro e se realmente isso fosse uma verdade, as montadoras não estariam cada vez mais criando carros para um publico mais jovem.
Como você vê propostas na linha eliminação de radares, flexibilização na punibilidade, caso do aumento da tolerância do número de pontos na CNH de 20 para 40? O trânsito ficará menos civilizado do que é hoje?
Esse é um ponto muito delicado, pois os radares deixaram de ser “educativos” e passaram a ser uma fonte de renda para a prefeitura, estado ou Federação. Tirar os radares não acho totalmente certo, pois realmente há pontos em que o motorista pode sofre um acidente e o radar está lá para que ele diminua a velocidade e assim transite com mais segurança. Agora se for para tirar radares que realmente estão escondidos e estão posicionados apenas para arrecadação, eu sou a favor de retirar.
Com relação a pontuação, eu não acredito que isso irá ajudar o motorista, pelo contrário, vai acomodá-lo e com isso o transito pode ficar mais perigoso. Hoje em dia, tem muitas pessoas mais preocupadas com a pontuação do que com o valor da multa e dessa forma, isso pode contribuir ainda mais com um transito inseguro.
Quando criamos o Prêmio, muitos críticos disseram que “há prêmios demais no mercado”. Mas o que vejo é um interesse crescente em mostrar serviço, as vantagens de seus lançamentos, tecnologias, práticas, executivos interessados em ser premiados. Há prêmios demais, há prêmios de menos ou há mercado para todo mundo?
Acredito que não há nem muitos nem poucos, o que vale é a relevância que cada um tem, isso quem define são as próprias montadoras (que analisam qual prêmio é mais importante para eles) e pelos leitores, que também avaliam qual acha mais justo e relevante.