Contudo não é sempre que isso acontece. Obviamente não preciso citar artigos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) para chegar à conclusão prosaica de que os maiores (caminhões e ônibus, por exemplo) devem zelar pela segurança dos menores (carros de passeio), que precisam olhar pelos mais fracos (motocicletas) e assim por diante (motos, bicicletas, patinetes, estes cada vez mais comuns...). Todos respeitando as regras de cidadania.
Bem, não só não é o que acontece como o que se vê invariavelmente nas vias das grandes cidades é um festival de abusos e arrogâncias justamente na ponta mais frágil da cadeia, que demonstra um misto de atitude kamikaze e arrogante. O sinal abre para os carros, e o pedestre... Ah, o pedestre parece diminuir o ritmo, como quem se refestela no fato de que ele tem todos os direitos e privilégios, e os motoristas, nenhum...
Há ainda o pedestre que ignora solenemente o sinal fechado para ele próprio – e olha que abundam os avisos “Só atravesse no verde”. Esse invariavelmente passa com atitude arrogante, apontando para baixo, indicando a faixa de pedestres e encarando o motorista com ar blasé. Meu senhor, o que vale nesse caso é o que indica o sinal luminoso, ou seja, ele está fechado para o pedestre, por mais que exista uma faixa pintada no chão. Ah, e existem ainda os que atravessam pelo meio dos carros, pensando ser imunes ao ataque de uma moto no corredor ou à volta da fluidez no tráfego. Sorriem amarelo para o motorista. E só.
Tudo bem que no trânsito somos todos pedestres. Mas há o pedestre cidadão e aquele que está muito, mas muito longe de sê-lo.
Luís Perez passa a escrever às terças neste espaço